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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Conhecendo as Castas: Merlot

Merlot é uma das uvas mais tradicionais e cultivadas pelo mundo. Ela é uma casta tinta e seus vinhos mais famosos vem de Saint Emillion em Bordeaux na França, onde faz rótulos para serem consumidos jovens.


A uva ficou ainda mais famosa pelo filme Sideways (Entre Umas e Outras), e pela repulsa do protagonista de tomá-lo em um jantar. Mesmo assim, quando o filme se aproxima do final, eles se deliciam com uma garrafa de Pétrus que é feito predominantemente de merlot. Vale muito conhecer este filme!


A uva possui um sabor adocicado, com gosto aveludado e bem harmônico. Quando jovem, acompanha pratos leves e quando é colocado em guarda, combina mais com sabores mais fortes como carnes vermelhas grelhadas e queijos bem temperados.


Originária da região de Bordeaux, a Merlot é descendente da Cabernet Franc e meia irmã da Carmenère e da Cabernet Sauvignon. Essa extrema semelhança com a Carmenère foi responsável pela confusão entorno dos vinhedos chilenos nos anos 1980. Segundo alguns estudiosos, seu nome "Merlot" ou "Merlau" provem de uma pássaro chamado "Merle" que costumava se deliciar com seus doces cachos.

Ela é cultivada em várias partes do mundo e possui grande prestígio. No passado ela não era tão glamurosa e frequentemente era citada como "a outra tinta de Bordeaux". Nessa época a Cabernet Suavignon era soberana nesta região, mas essa percepção mudou na década de 1980 quando começaram a despontar os vinhos do Novo Mundo.

Características


Em linhas gerais, sua cor é azul-negra-violácea menos intensa, resultando num vinho rubi-violáceo quando jovem, evoluindo para um rubi-atijolado. Seus bagos possuem pele mais fina com menos pigmento, tanino e menor acidez. Em contrapartida, apresenta mais açucares, consequentemente, mais álcool. É também mais suave, carnuda e aromática.
É uma casta de maturação rápida. Em Bordeaux, por exemplo, amadurece em média 02 semanas antes das Cabernets. Isso lhe garante fama de "colheita segura", escapando das perigosas chuvas durante o período de colheita. Ela se adapta bem a climas mais frios (em comparação com a Cabernet Sauvignon) com solos mais rochosos, áridos, argilosos e ferrosos.

Os aromas primários mais encontrados são: frutas pretas (ameixa, jabuticaba e groselha negra), herbáceos (chá, orégano, alecrim, azeitonas e húmus), especiarias (canela, cravo e noz-moscada), outros (tabaco, cogumelos e couro). Quando o vinho estagia em madeira, surgem novos aromas: caramelo, baunilha, coco, bala toffe, chocolate, café, torrefação, tostado, cedro, esfumaçado, nozes e figo seco.

Na boca, a principal característica é a textura macia, sedosa e aveludada; com acidez e álcool equilibrados em corpo médio; e taninos redondos. Os aromas de boca mais presentes são os de frutas pretas, herbáceos e algum sumo de carne. O uso de madeira pode ser benéfico. Porém muitos produtores não utilizam carvalho novo para não perder a elegância da uva.


Assim como a maioria das uvas tintas, a Merlot pode ser apresentada sozinha (varietal) ou em corte (assemblage). Em ambos os casos, ela dá origem a vinhos mais redondos, aveludados e estruturados. Normalmente, o tempo de guarda é bem vindo para essa uva, porém, seus vinhos podem ser degustados mais jovens. Quando em corte, ela é responsável por arredondar, harmonizar e dar mais elegância ao conjunto.

Principais Regiões


Apesar de ser originária da região de Bordeaux, a Merlot pode ser encontrada em praticamente todos os países produtores. Apenas as zonas mais quentes não são recomendadas. Dessa forma, as principais regiões são:

França, Bordeaux (margem direita) – Destacadamente as sub-regiões de St-Émilion (60%) e Pomerol (80%). Produz os vinhos mais emblemáticos, históricos, é a melhor expressão;
França, Bordeaux (margem esquerda) – Destacadamente a sub-região de St-Estephe. Produz vinhos elegantes em típico corte bordalês (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e menores proporções de Petit Verdot, Malbec e Carmenère). Devido ao assemblage, os vinhos demoram mais para ficarem prontos e são mais longevos;
França, Bordeaux (outras regiões) – Produz vinhos menos complexos, mas com grande qualidade. Excelentes para se degustar sem ter que gastar fortunas;
França, Languedoc – Produz vinhos menos complexos e prontos para beber. Podemos dizer que são Merlots para o dia a dia;
Itália, Nordeste – Vinhos elegantes, diferentes e prontos. Mas a qualidade varia muito, assim sendo, é necessário prestar atenção ao produtor. A melhor região é o Friuli, onde os vinhos são varietais;
Itália, Toscana – Vinhos de grife, produz alguns dos Supertoscanos. Normalmente entra em corte com a Sangiovese e com a Cabernet Sauvignon. A sub-região de Maremma se destaca;
Portugal, Setúbal – Vinhos deliciosos, redondos e poderosos, que podem ser degustados jovens ou guardados por alguns anos. Normalmente se apresentam varietal e com forte presença de madeira;
EUA, Califórnia – Vinhos estruturados, encorpados e longevos. Extremamente frutados e marcados pelas especiarias (varietais ou em corte). Alguns são fortes concorrentes dos melhores exemplares de Bordeaux. As melhores sub-regiões são: Napa Valley, Oakville, Stags Leap, Carneros, Mendocino, Dry Creek e Sonoma Valley;
Chile, Vale Central – Durante muito tempo se confundiu Merlot com a quase desaparecida Carmenère. Nessa época usava-se o termo "Merlot Chileno". Hoje, após a distinção, sabemos que o Chile produz bons Merlots com um toque mais herbáceo e com madeira marcada. Vinhos encorpados e interessantes (varietais ou em corte);
Africa do Sul – Antes de 1980 não existia Merlot. O rápido crescimento foi impulsionado pelos excelentes resultados. Vinhos elegantes, potentes, alcoólicos e muito aromáticos. Pode ser varietal ou corte e já estão prontos para beber;
Austrália – Representa apenas 3% da produção de vinhos. Porém, produz vinhos diferentes, com pouca fruta e aromas mais terrosos (varietais ou em corte).

É verdade: A Merlot faz bem ao coração!


Em 1991, o programa americano de televisão, "60 Minutes", levou ao ar uma reportagem comentando sobre o "Paradoxo Francês". Segundo a reportagem, o paradoxo era baseado no fato dos franceses cozinharem com enormes quantidades de gordura (banha e manteiga) e, ao mesmo tempo, terem baixos índices de ocorrência de doenças cardíacas. A explicação dada era o alto consumo de vinho tinto que é rico em "resveratrol", um agente químico que, entre outros benefícios, reduz o colesterol ruim. Imediatamente, o consumo de Merlot aumentou incrivelmente.

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